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11 de dez. de 2011

Feliz Natal



Esta chegando a semana do Natal hora de começar comprar os presentes e torrar o 13º,  também  estamos comemorando "um ano de Hora do Breque, graças a Deus".

Já que o assunto é presente, reservei uma coletânea para vocês irem curtindo, somente com musicas Natalinas nas mais belas vozes do Brasil, como Francisco Alves, Trio de Ouro, Carlos Galhardo, Nelson Gonçalves e muito mais, espero que curtam essas maravilhosas canções. 

Feliz Natal, Paz e Harmonia a "TODOS"




2 de dez. de 2011

Dia Nacional do Samba

Hoje 02/12/2011 comemoramos mais um  Dia Nacional do Samba, a lei partiu de uma iniciativa de um vereador Baiano Luis Monteiro da Costa, em homenagem a Ary Barroso que compôs o samba "Na Baixa do Sapateiro" em 1938, titulo este que da nome a uma rua  lá de Salvador,  com registro  oficial  Rua Dr. J. J. Seabra.

Ary Barroso compôs o samba sem nunca ter visitado a Bahia, essa data marca o dia de sua primeira visita a esta Cidade 02/12/1940 .
A Partir dai comemoramos o "Dia do Samba" e só a partir de 1963 ficou instituída  nessa data como o "Dia Nacional do Samba".

Ary Barroso


Com Carmen Miranda - Na Baixa do Sapateiro


Na Baixa do Sapateiro
Ary Barroso (1938)

Ai, amor ai, ai
Amor, bobagem que
a gente não explica ai, ai
Prova um bocadinho, oi
Fica envenenando, oi
E pro resto da vida é um tal de sofrer
Ô lará, ô lerê
Ô Bahia, iaiá
Bahia que não me sai do pensamento
Faço o meu lamento, oi
Na desesperança, oi
De encontrar nesse mundo
O amor que eu perdi na Bahia
Vou contar
Na Baixa do Sapateiro
Eu encontrei um dia
A morena mais frajola da Bahia
Pedi um beijo, não deu
Um abraço, sorriu
Pedi a mão, não quis dar
Fugiu
Bahia, terra de felicidade
Morena, ah morena
Eu ando louco de saudade
Meu Senhor do Bonfim
Arranje outra morena
Igualzinha prá mim
Ai Bahia, iaiá


Na Baixa do Sapateiro", de Ary Barroso, interpetrada em inglês por Nestor Amaral para o filme:
" The Three Caballeros."
"Um milhão de execuções  na década de 40 nos U.S.A em radio e TV"


SALVE O SAMBA!



27 de nov. de 2011

Sebo é o barato



Antigamente quando não se existia luz elétrica usavam-se velas para a leitura em ambientes escuros, as velas eram feitas de gordura de sebo e iam derretendo e sujando os livros, existe também a ligação de leitores vorazes que iam em todo lugar com seus livros que acabavam ficando ensebados, por isso aqui no Brasil os alfarrabistas vendedores de livros usados ficaram conhecidos como "caga-Sebos" e logo as lojas que vendiam livros usados como Sebo. 

Já Silveira Bueno (Grande Dicionário Etimológico Prosódico da Língua Portuguesa), que classifica: “Do particípio presente “sapiente” se fizeram várias derivadas: “sabença” (“sapientia”), “sabente” e desta forma “absentar-se” em espanhol, “asabentar” em provençal, catalão, correspondendo ao italiano “insaventire”, tornar-se sábio, eruditar-se, instruir-se, donde o português arcaico “assabentar”, “sabentar”.

Vamos colocar um pouco de  poesia nessa parada aqui:

SONETO DA BUQUINAGEM
Buquinemos, amiga, neste sebo.
A vela, ao se apagar, é sebo apenas,
e quero a meia-luz. Amo as serenas
angras do mar dos livros, onde bebo

— álcool mais absoluto — alheias penas
consoladas na estrofe, e calmo, e gebo,
tiro da baixa estante sete avenas
em sete obras que pago e que recebo.

Amiga, buquinemos, pois é morta
Inês de antigos sonhos, e conforta
no tempo de papel tramar de novo

nosso papel, velino, e nosso povo
é Lucrécio e Villon, velhos autores,
aos novos poetas muito superiores."

Carlos Drummond de Andrade

"Buquinemos" vulgarmante podemos trocar por garimpemos, ou do Francês Bouquiniste nome usado para quem vende livros usados por lá, a palavra deriva do cheiro de bode, e fizeram a ligação com o cheiro de livros velhos; sebentos aqui ou com cheiro de bode na França, esse é o melhor lugar que podemos imaginar para garimparmos, como disse Drummond nossos velhos autores muito superiores, e que eu comecei a frequentar com 15/16 anos quando passei a trabalhar  ali no Jardim América (Veja).

Com a gaita do meu primero salário comprei um radinho de pilha da marca National que durou até pouco tempo acreditem, e fiz a minha primeira visita em um Sebo na rua Lisboa com a Av. Rebouças onde comprei um Vinil do Waldir Azevedo e fiquei observando os mais velhos dedilhando calmamente as colunas e colunas de registros.
Na época não existiam os CD e eu comprava meus discos de vinil do Bezerra da Silva lá no largo de Pinheiros em frente a Igreja da rua Butantã na Simão discos e fitas, alguém lembra? Então ir ao sebo na época também era opcional entre comprar novo ou usado.


Foi quando comprei um Bandolim (não sei tocar até hoje), com o tutu da mensalidade do curso técnico de eletrônica que eu fazia aos sabados lá prós lados da Santa Cecilia, que comecei a revirar aquelas lojas de disco de forró da região da estação da Luz, sempre tinha disco de samba misturado com os do Genival Lacerda, porque até hoje não sei.

Ai comecei a ir atrás dos discos do Jacob do Bandolim, lembro que ali do lado da 14° delegacia na Rua Dep. Lacerda Franco tinha um sebo, Edgard Discos, uma casinha que você ficava meio sem saber se podia entrar ou não pois a fachada  era de uma residência mesmo.

Recordo que a primera vez que entrei, fui atendido por uma moça e perguntei aonde ficava os discos do Jacob? Ela ficou meio que surpresa e sem saber, até que um senhor de cabelo branco veio e me levou ao tesouro, comprei o registro fonográfico, meu salarinho ia nessa todo mês pois não era baratinho como hoje.



Entre os discos do Jacob que comprei no sebo, nesse RCA CAMDEM calb-5172 um importante texto na sua contra capa pode ser observado, pois se trata de um reprise de velhos discos de 78 RPM um trabalho de resgate da própria gravadora pelo tamanho sucesso e procura que outros relançamentos obtiveram, vale lembrar que nenhum deles foi transformado em CD.

Um outro sebo que também gostava de ir era no Eric Discos, lá predominavam o Rock, Jazz e Bossa Nova mas sempre achava alguma coisa da nossa praia, este sebo fica até hoje na Rua Arthur de Azevedo com a Antonio Bicudo e inspirou um filme nacional que vale muito a pena vocês assistirem: é o Durval Discos.

Outro local muito agradável e que bato cartão até hoje com minha familia é na praça Benedito Calixto na feira de artes aos sábados, lá tem várias barraquinhas com muita coisa boa, além de poder curtir um choro ao vivo e saborear um acarajé e os doces de compotas.

Choro na praça

Voltando aos sebos o  Sebo do Messias  na praça João Mendes no Centro também possui um enorme acervo e um site com loja virtual, mas uma visita funciona muito melhor.

Comprar pela internet é sempre um risco de duplo sentido, além dos problemas eventuais de postagem pode ser que o disco esteja exatamente com a sua faixa preferida riscada.

A exemplo importei essa pérola de valor inestimável lá da Cidade Maravilhosa, chegou aqui em São Paulo sem nenhum arranhão por R$20,00 já incluso o sedex .


Faixas
                                                                             
01 sandália de prata
02 vem amor
03 afirmação
04 mulher de malandro
05 vingança
06 onde a cobra é bicho manso
07 zomba
08 criança louca
09 remendo de um nada
10 meu único desejo
11 erva daninha
12 pense bem
 
Outra dica é visitar o Centro Cultural Vergueiro que possui 45.000 discos de 78 rpm, 30.000 discos de 33 rpm e 2500 CDs, é só pegar o fone espetar no chão e curtir, eu tinha até uma carteirinha difícil de tirar na época para trazer para casa as partituras, não sei se existe isso ainda pois tinha gente que violava as obras e passaram a liberar somente para tirar as "copias fotostáticas" la dentro.

A pouco tempo na rua em que trabalho, onde também funciona uma loja de instrumentos musicais  usados e eletrônicos de segunda mão, por um golpe de sorte encontrei num cantinho no "chão"  as seguintes preciosidades.

R$5,00

R$5,00

R$5,00

R$5,00

Só existe uma forma de levarmos essa turma de volta para o lugar que merecem, nas estantes de lançamentos das mais requintadas lojas de shopping center, e nas rádios de FM, quando aprendermos que o velho (?) se renova a cada instante para quem  o faz presente e assim se torna eterno.

Então fica esta dica, quando ver a placa Sebo já sabe, meia volta e "cai pra dentro" quem sabe o que o destino guardou para você.

E meu incentivo para a sua procura, por quê?


Isto é Nosso - Jacob do Bandolim

Não sou  colecionador,  pesquisador,  nem  pirateador  apenas amante de nossa cultura que é rica  sim senhor.

22 de nov. de 2011

1001 Histórias no caderno



Semana passada tocou meu telefone em casa, atendi e para minha surpresa era um amigo muito querido, o Renato. Já não nos falávamos há muitos e muitos anos, a conversa foi breve, ele estava me convocando para juntar a turma antiga de um grupo de pagode lá dos anos 90 e poucos e que fizemos parte, o grupo chamava-se K-estamos, na época a letra K era moda e parecia dar sorte. Chegamos até a gravar um CD lá no Rio de Janeiro com músicos como: Cyron, Dirceu Leite, Felipe d' Angola, Lobão Ramos, Paulo Bonfim, Dudú Dias e Mauro Diniz.

Com a mentalidade “de que se for pra dar certo e fazer sucesso vamos levar o máximo de amigos com a gente”, colocamos em nosso CD várias músicas de nossos amigos compositores como: o Biulla o Caio Prado fundador do Projeto Nosso Samba  de Osasco, o Paqüera do Samba da Vela, Raphael e Silvio, sem essa de bairrismo, e sempre arrumávamos espaço para mais um na banda, tocando um surdo, tocando saxofone não importava.

 
A maioria do pessoal era da Zona Leste e eu tinha que atravessar a cidade para os ensaios que aconteciam todos os dias lá no quintal do Mauricio, “Vocal” do grupo, também faziam parte a sua Irmã, Malú no “tantã”, que por sua vez é esposa do Marcio “Tamborim”, tinha o Ricardo “pandeiro”, Renato “repique”, e eu no “cavaco”.






Renato, Mauricio, Malu, Ricardo, Marcio e Luis

Chegamos a marcar presença em alguns programas de TV e tocar em algumas casas noturnas, nosso empresário era o Sr. J.Palesel, pai do Renato, que sempre incentivou e patrocinou a turma.

Programa Cassino Dance TV Gazeta - Colete? rs...

No fim tivemos que andar com as nossas próprias pernas e tudo ficou mais difícil, para piorar acabei me envolvendo num acidente de trânsito que me custou um ano de internação, várias e várias cirurgias e entra e sai da U.T.I, mas numa manobra de humildade, carinho e amizade a Dona Sonia mãe do Renato conseguiu uma vaguinha pra mim no H.C e ali me recuperei

Uma passagem dessa época que gostaria muito de compartilhar com todos foi quando o grupo arrumou um substituto para mim, o Anderson “Buiú”, já falecido infelizmente e a quem também dedico essas linhas

Ele usava meu cavaquinho emprestado para tocar e dizia: Assim você esta presente sempre. O grupo ainda dividia o cachê com a minha parte mesmo eu estando no hospital e sempre iam me visitar e levavam boas noticias e a paguinha que segurou as pontas lá em casa por esse tempo.

O grupo acabou se desmanchando e cada um seguiu seu caminho, raramente em algum eventual churrasco nos reuníamos com a falta de um ou outro integrante, nos jogos da copa ou feriados de fim de ano.

A voz no telefone foi intimidadora “o pessoal só vai se você for”, acabei aceitando a honra do convite, depois que fui me lembrar que estava sem tirar o instrumento da capa há quase um ano além de ter faltado a tantos convites de vários amigos. 

Comprei um joguinho de cordas dessas “rouxinol leve” pois sabia que ia doer a ponta dos dedos, e dei umas palhetadas e arrisquei alguns solos do Waldir e Jacob, o repertório não tocava há anos , ai lembrei do amigo Rogerio do T.B que falou um dia: Luisão é que nem andar de bicicleta você vai ver meu "bichinho"

Como sempre friso aos meus amigos de sambas, não importa se você toca agogô, sanfona, ou harpa, ou se só fica no cantinho curtindo, o que vale é estar ali junto na roda. Tocando bem ou mal, por dinheiro ou por gosto, relembrando e homenageando os pioneiros do nosso Samba, Choro, Forró, Valsa, Marcha, Pagode, Lundu, Cateretê etc ... e tantas outras bossas que já me meti por ai que até perdi a conta. Tanto faz todos são amigos e músicos com a mesma importância.

Para mim a ausência de um amigo é como a queda de uma folha de uma árvore, mesmo aquela que fica sozinha bem na pontinha do galho é uma perda irreparável quando o vento sopra ela para bem longe.


"Sem palavras"
                                                                                
Por fim, o samba aconteceu, estavam todos lá como há anos atrás, muitas alegrias, lembranças e recordações, um conhecendo o filho do outro e apresentando as esposas e namoradas novas. O evento contou com a presença de bandas de outros estilos e que fizemos questão de aplaudir e prestigiar o trabalho, e da Bateria nota 10 da Turma da Poli aqui da USP. 



Rateria da Turma da Poli -USP




                                            Participação especial do Rodrigo no Pandeiro


Como tudo no Brasil acaba em pizza não podíamos fazer diferente, fomos todos para o apartamento da “Dona Bonia”, umas 20 pessoas fazendo o maior carnaval em um tradicional condominio aqui de Sampa, cerveja e pizza mais cerveja e pizza, e quase que fecha o bendito “shoppinho” onde estacionamos as carangas.

Sem duvida um Sábado muito especial, pois toda essa reunião, juntar os amigos que conseguiram me tirar aqui da toca e tudo isso teve uma causa muito nobre, pois o evento foi promovido pelo grupo de voluntários da casa “Esperança e Luz”, que arrecadou a verba da festa beneficente para levar o natal a quem realmente precisa, as crianças aqui das comunidades carentes da zona Oeste. É muito gratificante saber que aqueles acordes esquecidos no tempo podiam estar contribuindo para um alimento ou brinquedinho na sacola do bom Papai Noel.



"GEL"

Só tenho a agradecer a Oxalá por ter me reservado tamanho alegria e hoje ter essas histórias para contar, e separei dois sambas do nosso CD,  o primeiro que gosto muito da letra, de um amigo nosso lá do RJ o Carlinhos Marreta, já o segundo foi um pedido da Fe, e que tem a participação do nosso padrinho Mauro Diniz.


                                                                                
   
Pra Gente Sorrir
(Carlinhos Marreta/ Alexandre Andrade)


Não é, que eu goste de sofrer.
É que eu prefiro ser só do que me entregar, e nem ao menos desatar o nó, o nó.
Que aperta o meu peito e faz, em silêncio sucumbir.
Um momento de prazer, algo pra gente sorrir.
Que pena, ai ai ai.
Eu não sei fingir.
Que pena, ai ai ai.
O meu coração não quer se abrir.
Já derramei do meu olhar um rio que não encontrou o mar.
De amor (aquele mar de amor).
Que faz tanta gente sonhar.
Tornando melhor o viver.
Que afoga qualquer desamor.
Nas águas do nosso prazer.
Que rola do nosso suor.
Que vem lá do fundo do ser.
Se fosse assim, seria enfim meu querer....




Se a Vida Fosse assim
 (Mauro Diniz / Marquinho P.Q.D)

Se a vida fosse assim, como seria bom.
Um sonho de jardim num céu de luz neon.
Um mar de seduzir os olhos de iemanjá.
Um rosto pra sorrir, e te fazer cantar.
Mas nem sempre é assim os caminhos do amor.
Tem a flor do jardim e os espinhos da flor.
E tem a dor da saudade.
Quando a falsidade não se rende ao prazer do amor.
Pra quem perdeu. Lá laia lá laia lá.




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8 de nov. de 2011

Trio Gato Com Fome


Gregory - Cadu - Renato

Vou apresentar esses meus grandes amigos que conheço já de outros carnavais e que tanto vem batalhando e resistindo  à severa  ditadura fonográfica do nosso país.
Durante todo esse longo trajeto de suas carreiras o Trio vem a cada dia se superando e consolidando-se cada vez mais.
Defendendo a bandeira do nosso samba bem brasileiro, sem deturpação, sem influências alienígenas e  mostrando o que temos de melhor e que poucos conterrâneos aqui da nossa querida cidade da garoa, e do Brasil afora conhecem.

Esse e o Trio Gato Com Fome que, composto por Renato Enoki no violão de sete cordas e pelos irmãos Cadu Ribeiro no pandeiro e Gregory Andreas no cavaquinho, traz ao publico os esquecidos sambas bem-humorados e sambas de gafieira, na linha de Moreira da Silva, Germano Mathias, Geraldo Pereira, entre outros, resgatando e renovando essa tradição, por meio de suas interpretações e composições.
Formado ha cerca de 5 anos, o Trio vem se apresentando nos mais variados locais da capital, interior e litoral (bares, casas de show, teatros, unidades do SESC), e já levou sua musica ao velho continente, com apresentações por cidades como Roma e Berlim. Foi sucesso também em duas temporadas em cruzeiros da companhia MSC, nos navios Musica e Orchestra, percorrendo a costa da América do Sul.
Apresentou-se na TV Cultura, no programa Login (vencedor das eleições musicais com sua musica "Nova embarcação") e no Sr. Brasil, cantando ao lado do apresentador Rolando Boldrin e divertindo a plateia com outra musica de sua autoria, "Derby". Participou também do Jornal da Record News, comandado por Heródoto Barbeiro, e na TV Brasil, foi entrevistado no programa Paratodos. 


Trio Gato com Fome tocando a música "Minha Vizinha"






Com a experiência adquirida, resolveram gravar o primeiro CD, mostrando todo o seu talento em composições próprias e em interpretações de grandes sucessos do passado.


Trio Gato Com Fome

Com Direção Musical do instrumentista e arranjador Milton Mori, o disco conta com participações especiais de Osvaldinho da cuíca, Ulisses Costa, Canarinho e Rolando Boldrin. 


 
Derby  (Cadu Ribeiro,Gregory Andreas e Renato Enok) 



Debochados e sempre trajados ao estilo do velho e bom malandro, esses músicos irreverentes chegam com muita fome de samba. 



Trio Gato com Fome - Não Manche o Meu Panamá.

"Hoje, são poucos os bons trios de instrumentistas e vocalistas, como os que existiram no passado. 0 trabalho do Trio Gato com Fome, feito com competência e profissionalismo, revive também O humor leve e irreverente que existiu no samba e que anda meio esquecido."


Osvaldinho da Cuíca



“É muito gostoso ver esse trio maravilhoso reviver esses momentos, com essa alegria, com essa brincadeira que eles estão fazendo ..."


Rolando Boldrin


Contatos: (11) 9918-8787 
trio@gatocomfome.com.br
http://www.gatocomfome.com.br
FACEBOOK - TRIO-GATOCOMFOME



31 de out. de 2011

Tristeza? só nas músicas - Nelson é 100

                                                 
Atualizado em 02/11/2011


Nelson Antonio da Silva nasceu em 28 de Outubro de 1911 na cidade do Rio de janeiro. Seus pais eram, Maria Paula da Silva, que era lavadeira no Convento das Carmelitas e levava Nelson para ter aula de catecismo e Brás Antonio da Silva que tocava tuba na banda da Policia Militar.
Nelson desde muito pequeno já fazia seus próprios instrumentos com caixas de madeira e arame para acompanhar seu pai e seu tio que tocavam violino nas reuniões de Família.
Nelson teve que largar os estudos ainda na 3ª serie para pegar no batente como ele mesmo dizia, foi trabalhar em uma fabrica de tecidos onde não ficou por muito tempo

Morou na rua Mariz e Barros na Tijuca, depois em Silva Manuel na Lapa, e para a Rua Joaquim Silva nos Arcos, depois foi para o subúrbio de Ricardo Albuquerque, até que, finalmente se estabeleceria no bairro da Gávea

Nelson começou a aprender a tocar cavaquinho sem instrumento pois não tinha dinheiro e vez ou outra conseguia um cavaquinho emprestado de alguém , seus primeiros companheiros de samba foram Brancura, Camisa Preta e Edgar.


                                          Choro do Adeus - Nelson Cavaquinho

Pegava as coisas de ouvido vendo Heitor dos Prazeres, Juquinha violonista e Mazinho do Bandolim, logo compôs seu primeiro choro "Queda" e começou a fazer show mostrando-se um exímio solista e conseguiu por fim não só comprar seu cavaquinho como também ganhou o apelido de Nelson Cavaquinho que o acompanharia para sempre.


Nelson e Heitor
Arrastado a força pelo pai da noiva Nelson se casa aos 20 anos com Alice Ferreira Neves com quem teve quatro filhos. Como a música não rendia lá muita coisa e tão pouco o suficiente para sustentar a casa Nelson recorre a seu pai que consegue para ele um posto de cavaleiro da Policia Militar, mas sua carreira não duraria muito pois nunca levava ninguém para o xadrez, muito pelo contrario como ele nos conta:

"Resolvi parar numa tendinha e deixei amarrado na porta o cavalo,(vovô) fiquei tanto tempo conversando com o Cartola, que quando saí da birosca, cadê o animal? Tinha sumido. Fiquei apavorado. E resolvi, assim mesmo, voltar para o quartel. Não é que quando chego lá dou de cara com o cavalo na estrebaria? O danado parecia que sorria pra mim pela peça que me pregou.” 
“Eu ia tantas vezes em cana que já estava até me acostumando ao xadrez. Era tranquilo, ficava lá compondo, entre as músicas que fiz no xadrez está “Entre a Cruz e a Espada"


Levando uma vida de boêmio sua carreira na Policia logo acabaria e seu casamento também, ele ainda se casaria varias vezes mais seu grande amor era uma moradora de rua chamada Lígia, ao qual mandou fazer uma tatuagem com o nome dela em seu ombro direito.

O fato de passar boa parte de sua infância em ambiente religioso com sua mãe tornou Nelson um verdadeiro cristão e místico desprendido totalmente de bens materiais, chegava a distribuir seu cachê entre bêbedos, mendigos e prostitutas, ao qual ele tinha grande amizade.




Por volta da década de 50 ele troca o cavaquinho pelo violão, mais continuaria usando apenas o dedão e o dedo indicador da mão direita para ferir as cordas.

Sua primeira canção gravada foi "Não Faça Vontade a Ela", de 1939, por Alcides Gerardi
Compôs mais de 600 sambas muito deles inéditos e esquecidos pois ele não costumava escrevê-los e sim guardá-los em sua memória, outro fato é que ele vendia muitos de seus sambas, até mesmo os de parcerias feitos com grandes sambistas como Mestre Cartola, que chegou ao ponto de desfazer a parceria para não perder a amizade com Nelson, que por sua vez argumentaria que vendera a sua parte de um samba não a do Cartola.



Muito embora seus sambas foram gravados por gente como: Elizeth Cardoso, Ciro Monteiro, Orlando Silva e Dalva de Oliveira, ele entraria em estúdio para gravar seu primeiro disco com quase 60 anos de idade devido as gravadoras acharem estranho seu modo de tocar e mais estranha sua voz.

                                                              Rei Vadio



História de um valente - Nelson Cavaquinho - José Ribeiro


Nelson e Cartola desfile da Mangueira
Ele não dava importância alguma se seus sambas seriam gravados ou não e continuaria a escrevê-los de forma mais constante, sempre em bares acompanhado de seu inseparável violão, chegava a ficar dias fora de casa onde em uma ocasião esqueceu umfrango assadodentro do estojo de seu violão que começou a cheirar mal dentro do bar.


Foi assim que conheceu seu parceiro mais constante Guilherme de Brito.

Conheci o Nelson Cavaquinho no Café São Jorge. Nelson já era um sucesso, quando passava de manhã no botequim, estava aquele aglomerado de gente em volta de uma mesa. Às vezes eu voltava de noite, trabalhava o dia inteiro, e lá estava o Nelson com o seu violão. Até que um dia eu me atrevi e cheguei perto dele com a primeira parte de um samba, que foi "Garça", e falei: "Ô Nelson, vê se você gosta aqui...". Ele disse que estava ótimo e fez a segunda parte. Dali em diante seguimos até o fim da vida e fizemos um trato de compormos juntos, só eu e ele. Foi muito boa a parceria e fomos leais até o fim da vida dele. Se bem que ele pulou fora duas vezes durante esse período e compôs com outro cara, mas foi muito bom. Se ele estivesse vivo, estaríamos com certeza até hoje ligados um ao outro”.




A primeira parte do sambaTatuagemGuilherme fez pois era muito discriminado por uma tatuagem de Índio que ele tinha, tatuagem esta que até tentou tirar com castanha de caju, o que acabaria apenas com uma cicatriz na testa do Índio, Nelson terminaria o samba com versos em homenagem a sua tatuagem do braçoLigia



Nelson era cultuado por gênios da MPB como Tom Jobim e Baden Powell.
Paulo Cesar Pinheiro que foi casado com Clara Nunes e era amigo e companheiro de Nelson estava sempre acompanhado de um gravador k7 onde registrou muita coisa inédita de Nelson e que acabaria sendo gravada pela cantora, sua grande intérprete.


Na década de 60 Nelson fazia diversas apresentações no Bar ZiCartola onde se tornou reconhecido pela mídia.
Teve participação no disco fala mangueira com Clementina de Jesus, Cartola, Carlos Cachaça e Odete Amaral de 1968

Gravou seu primeiro cd individual em 1970, e mais dois pela série documento e cantores da mpb. De 1972 e 1973
Vários artistas começaram a gravar seus sambas como : Nara Leão que gravou "A Flor e o Espinho" e "Luz Negra", Thelma Soares gravou um disco com suas composições, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Leny Andrade e Beth Carvalho.

Paulo César Pinheiro, Beth Carvalho, Nelson Cavaquinho, Chico Buarque, João Bosco, Carlinhos Vergueiro, Cristina Buarque e Mauro Duarte de 1985  para um disco em sua homenagem

Esse reconhecimento musical trouxe a ele uma vida mais calma, conseguiu comprar uma casinha em Vila Esperança e casou-se novamente, sua esposa Durvalina que era 30 anos mais nova conseguiu afastar Nelson do Álcool e cigarros.




Nelson nos deixou em 1986 vitima de um enfisema pulmonar.

                         Euforia Nelson Cavaquinho, Eduardo Gudin e Roberto Riberti


Ao contrario do que se imagina, comparando suas letras sempre falando de morte, tristeza e desafetos amorosos, Nelson Cavaquinho era muito alegre e humilde. Um exemplo que muitos artistas deveriam prestar mais atenção, não deixou nenhum seguidor, mas uma imensa obra rica em versos e introduções de violão, que são dificílimas de imitar até hoje. Quem realmente é de Nelson Cavaquinho prefere ouvir seus sambas executados por ele mesmo e de forma mais reservada, longe de qualquer tipo de ruído, de preferência usando fones de ouvido e olhos fechados, esperando alguma escala improvisada nos bordões de seu violão e imaginando estar numa mesa de algum botequinho frente a frente ao mestre, pois assim era sua maior alegria cantar para quem realmente gostava de ouvi-lo. 



                               Desconsolo -"ainda decorando a letra" - acervo HBC
                                                             

               

Ficha Técnica:
Gênero: Curta / Documentário
Diretor: Leon Hirszman
Duração: 13 minutos
Ano de Lançamento: 1969
País de Origem: Brasil
Idioma do Áudio: Português






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Vídeo - TV



Programa Ensaio TV Cultura




Zé Keti & Dino 7 Cordas


Compadre Nelson Cavaquinho
Onde anda você
Já me disseram que deixaste de beber
o seu conhaque
Sua Genebra bem amada
em suas mil ou mais moradas.
Você cantava a noite inteira
Com a batida diferente do seu violão
E nos bares da cidade
Bebia um vinho rascante
A rouquidão em sua voz era constante,
bem constante
E na Praça Tiradentes
Cantava seus sambas prá gente
depois saía com a viola prá lugares diferentes
A Lua foi sua companheira
E hoje está de luto com a Estação Primeira
A Lua foi sua companheira
E hoje está de luto com o Morro da Mangueira
Sabemos que o Brasil
e o mundo inteiro te conhece
Eu bato palmas prá você
porque você merece
Onde anda, eu quero ver o seu parceiro
O Guilherme deve estar coroa
E aqui prá nós
A dupla é muito boa
Eu tambem já compus alguma coisa
Já fiz sambas com você
Se hoje sou poeta, tive muito que aprender
{ Enriqueceu os versos meus
{ O meu muito obrigado, adeus
{ meu criador






                         
              Família de Nelson fala sobre a homenagem feita pela Mangueira