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22 de nov. de 2011

1001 Histórias no caderno



Semana passada tocou meu telefone em casa, atendi e para minha surpresa era um amigo muito querido, o Renato. Já não nos falávamos há muitos e muitos anos, a conversa foi breve, ele estava me convocando para juntar a turma antiga de um grupo de pagode lá dos anos 90 e poucos e que fizemos parte, o grupo chamava-se K-estamos, na época a letra K era moda e parecia dar sorte. Chegamos até a gravar um CD lá no Rio de Janeiro com músicos como: Cyron, Dirceu Leite, Felipe d' Angola, Lobão Ramos, Paulo Bonfim, Dudú Dias e Mauro Diniz.

Com a mentalidade “de que se for pra dar certo e fazer sucesso vamos levar o máximo de amigos com a gente”, colocamos em nosso CD várias músicas de nossos amigos compositores como: o Biulla o Caio Prado fundador do Projeto Nosso Samba  de Osasco, o Paqüera do Samba da Vela, Raphael e Silvio, sem essa de bairrismo, e sempre arrumávamos espaço para mais um na banda, tocando um surdo, tocando saxofone não importava.

 
A maioria do pessoal era da Zona Leste e eu tinha que atravessar a cidade para os ensaios que aconteciam todos os dias lá no quintal do Mauricio, “Vocal” do grupo, também faziam parte a sua Irmã, Malú no “tantã”, que por sua vez é esposa do Marcio “Tamborim”, tinha o Ricardo “pandeiro”, Renato “repique”, e eu no “cavaco”.






Renato, Mauricio, Malu, Ricardo, Marcio e Luis

Chegamos a marcar presença em alguns programas de TV e tocar em algumas casas noturnas, nosso empresário era o Sr. J.Palesel, pai do Renato, que sempre incentivou e patrocinou a turma.

Programa Cassino Dance TV Gazeta - Colete? rs...

No fim tivemos que andar com as nossas próprias pernas e tudo ficou mais difícil, para piorar acabei me envolvendo num acidente de trânsito que me custou um ano de internação, várias e várias cirurgias e entra e sai da U.T.I, mas numa manobra de humildade, carinho e amizade a Dona Sonia mãe do Renato conseguiu uma vaguinha pra mim no H.C e ali me recuperei

Uma passagem dessa época que gostaria muito de compartilhar com todos foi quando o grupo arrumou um substituto para mim, o Anderson “Buiú”, já falecido infelizmente e a quem também dedico essas linhas

Ele usava meu cavaquinho emprestado para tocar e dizia: Assim você esta presente sempre. O grupo ainda dividia o cachê com a minha parte mesmo eu estando no hospital e sempre iam me visitar e levavam boas noticias e a paguinha que segurou as pontas lá em casa por esse tempo.

O grupo acabou se desmanchando e cada um seguiu seu caminho, raramente em algum eventual churrasco nos reuníamos com a falta de um ou outro integrante, nos jogos da copa ou feriados de fim de ano.

A voz no telefone foi intimidadora “o pessoal só vai se você for”, acabei aceitando a honra do convite, depois que fui me lembrar que estava sem tirar o instrumento da capa há quase um ano além de ter faltado a tantos convites de vários amigos. 

Comprei um joguinho de cordas dessas “rouxinol leve” pois sabia que ia doer a ponta dos dedos, e dei umas palhetadas e arrisquei alguns solos do Waldir e Jacob, o repertório não tocava há anos , ai lembrei do amigo Rogerio do T.B que falou um dia: Luisão é que nem andar de bicicleta você vai ver meu "bichinho"

Como sempre friso aos meus amigos de sambas, não importa se você toca agogô, sanfona, ou harpa, ou se só fica no cantinho curtindo, o que vale é estar ali junto na roda. Tocando bem ou mal, por dinheiro ou por gosto, relembrando e homenageando os pioneiros do nosso Samba, Choro, Forró, Valsa, Marcha, Pagode, Lundu, Cateretê etc ... e tantas outras bossas que já me meti por ai que até perdi a conta. Tanto faz todos são amigos e músicos com a mesma importância.

Para mim a ausência de um amigo é como a queda de uma folha de uma árvore, mesmo aquela que fica sozinha bem na pontinha do galho é uma perda irreparável quando o vento sopra ela para bem longe.


"Sem palavras"
                                                                                
Por fim, o samba aconteceu, estavam todos lá como há anos atrás, muitas alegrias, lembranças e recordações, um conhecendo o filho do outro e apresentando as esposas e namoradas novas. O evento contou com a presença de bandas de outros estilos e que fizemos questão de aplaudir e prestigiar o trabalho, e da Bateria nota 10 da Turma da Poli aqui da USP. 



Rateria da Turma da Poli -USP




                                            Participação especial do Rodrigo no Pandeiro


Como tudo no Brasil acaba em pizza não podíamos fazer diferente, fomos todos para o apartamento da “Dona Bonia”, umas 20 pessoas fazendo o maior carnaval em um tradicional condominio aqui de Sampa, cerveja e pizza mais cerveja e pizza, e quase que fecha o bendito “shoppinho” onde estacionamos as carangas.

Sem duvida um Sábado muito especial, pois toda essa reunião, juntar os amigos que conseguiram me tirar aqui da toca e tudo isso teve uma causa muito nobre, pois o evento foi promovido pelo grupo de voluntários da casa “Esperança e Luz”, que arrecadou a verba da festa beneficente para levar o natal a quem realmente precisa, as crianças aqui das comunidades carentes da zona Oeste. É muito gratificante saber que aqueles acordes esquecidos no tempo podiam estar contribuindo para um alimento ou brinquedinho na sacola do bom Papai Noel.



"GEL"

Só tenho a agradecer a Oxalá por ter me reservado tamanho alegria e hoje ter essas histórias para contar, e separei dois sambas do nosso CD,  o primeiro que gosto muito da letra, de um amigo nosso lá do RJ o Carlinhos Marreta, já o segundo foi um pedido da Fe, e que tem a participação do nosso padrinho Mauro Diniz.


                                                                                
   
Pra Gente Sorrir
(Carlinhos Marreta/ Alexandre Andrade)


Não é, que eu goste de sofrer.
É que eu prefiro ser só do que me entregar, e nem ao menos desatar o nó, o nó.
Que aperta o meu peito e faz, em silêncio sucumbir.
Um momento de prazer, algo pra gente sorrir.
Que pena, ai ai ai.
Eu não sei fingir.
Que pena, ai ai ai.
O meu coração não quer se abrir.
Já derramei do meu olhar um rio que não encontrou o mar.
De amor (aquele mar de amor).
Que faz tanta gente sonhar.
Tornando melhor o viver.
Que afoga qualquer desamor.
Nas águas do nosso prazer.
Que rola do nosso suor.
Que vem lá do fundo do ser.
Se fosse assim, seria enfim meu querer....




Se a Vida Fosse assim
 (Mauro Diniz / Marquinho P.Q.D)

Se a vida fosse assim, como seria bom.
Um sonho de jardim num céu de luz neon.
Um mar de seduzir os olhos de iemanjá.
Um rosto pra sorrir, e te fazer cantar.
Mas nem sempre é assim os caminhos do amor.
Tem a flor do jardim e os espinhos da flor.
E tem a dor da saudade.
Quando a falsidade não se rende ao prazer do amor.
Pra quem perdeu. Lá laia lá laia lá.




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