Antes de qualquer coisa, meu pedido de desculpas para quem já leu este post, pois o mesmo foi para o ar antes da conclusão por descuido e falta de tempo de minha parte e até um pouco de falta de inspiração.
Anos 90 e tempo bom ...
Os sambas que pegavam fogo vinham da escola de Martinho da Vila, Roberto
Ribeiro, Alcione, Beth Carvalho, João Nogueira e Clara Nunes, que chegaram a beber na fonte de Cartola,
Mano Décio, Nelson Cavaquinho entre tantos outros.
Já despontava o pessoal do
Cacique de Ramos, como Almir Guineto, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Mauro Diniz.
O Grupo Fundo de Quintal ia substituindo os instrumentos de baquetas como
surdo e repinique pelo tantã e repique de mão e reintroduzindo o
banjo no samba com a afinação do cavaquinho "re,sol,si,re". Este instrumento já era muito utilizado no
samba e no choro do inicio do século, porém com afinação tenor ou americana e de bandolim.
"Os Oito Batutas" |
Os batuqueiros no inicio dos anos 90 ainda levavam o pandeiro e o tamborim na mão para o samba, pois não se tinha capa nem estojo com a facilidade de hoje.
Para captação das cordas
usávamos um captador do tamanho de um celular preso na
boca do instrumento com um fio curto e fino que era ligado na
“caixa”; todo samba alguém já mais “exaltado” acabava se enroscando nessas modestas ligações e o pagode acabava ficando acústico, talvez seja dai a preferência de muitos cavaquinistas pelo banjo na época.
Os busões mais modernos da saudosa viação Castro foram equipados com rádio FM, e podíamos ir batucando na marmita ou na tampa do motor os sambas da rádio Manchete que veiculava três vezes por dia o programa Sambalanço que só tocava Samba, ouve até o "1º Festival Manchete de Pagode" que resultou em um disco gravado ao vivo no Clube Palmeiras, o festival revelou os interpretes Royce do Cavaco e Aldo Bueno.
Busão da Castro - São Domingos/Bandeira |
Hoje
passados todos esses anos ainda me recordo o dia que decidimos montar um grupo de pagode e cada um escreveu em um papelzinho um nome para sortearmos, se bem me
recordo fui o sorteado mais resolvemos abrir todos os
papeizinhos e decidimos pelo nome "Grupo Raiz do Samba" dado pelo amigo Ticolino.
O repertório era basicamente o que se tocava nas rádios e algumas composições inéditas até hoje, também existiam revistas de banca de jornal com a letra e a cifra dos sambas, era a melhor forma de aprender a tocar e pegar a letra, pois o disco mesmo naqueles dias já eram caros.
Revista Pagodeiros. |
Compartilhávamos
a roupa, calçados e idéias e quem conseguia um “registradinho”
dava uma forcinha, com a compra de cordas, couros e ainda patrocinava as brejas,
já que todos praticamente foram viver de música, a união era muito forte entra a rapaziada, até algumas
gírias foram surgindo entre a turma ali da Samba :
- “Liga=sujeito chato”
- “Lauera=relaxado(a)”
- “Registradinho=emprego”
- “Esqueminha=festa”
- “Mandar o Lima=faltar”
- “Paga= cache ou couvert”
- “Paradinha=centro de umbanda"
- "Maldado=ruim ou bêbado"
Hoje
quem dobra a esquina da rua Cardeal Arco Verde com a Av. Eusébio
Matoso vê um posto de combustível, mais exatamente nessa esquina
funcionava um barzinho chamado “Menino do Rio” onde fizemos as nossas
primeiras apresentações e com direito a uma “paguinha” no final da
madrugada.
Encaramos a noite paulistana e tocamos em todo o circuito de bares, botecos, bimbocas e boates, seja de samba ou não, que se
tenha noticia naquela época, em destaques: Bar da Bete Z/S, Santana
Samba Z/N, Sem Compromisso, Podium, Chapolin, Esculacho Z/L, "aqui
na Z/O" Balancê e Butekão do nosso saudoso professor +Osvaldão, Brasileirinho Bar, Vila
Amada, Clube da Esquina, e o JB Samba, que foi a
maior referencia de casa de samba na minha opinião; chegaram a ter três casas aqui e ainda traziam as grandes atrações do Rio
de Janeiro como Roberto Ribeiro, Clementina de Jesus, Dona Ivone
Lara, Zeca Pagodinho, Almir
Guineto, e com o tradicional "pagode de primeira na segunda", o SPC e a Boate Vila Verde do Mestre Genaro da Bahia mais para o
“Centrão” também fizeram parte do nosso circuito de apresentações, assim como a quadra da Camisa Verde e Branco, com as suas memoráveis festas.
JB-Sambar
Fomos apresentados ao Sr. Geraldo Filme que era amigo e
vizinho do “Joãozinho do Pandeiro” lá na Cohab do João XXIII.
O "Geraldão da Casa Verde" arrumou para o grupo um emprego fixo na Paulistur no projeto São Paulo Samba, que contava com a participação de Mestre Talismã, Ideval, Borba e vários artistas e grupos, o Show era apresentado pelo “Mestre Nicanor” e alternava-se entre as zonas Leste, Oeste, Norte e Sul de São Paulo aos domingos, e com isto o grupo ganhou uma forma mais profissional e dinâmica de se apresentar no palco, e buscava sempre inovar com alguma coisa.
O "Geraldão da Casa Verde" arrumou para o grupo um emprego fixo na Paulistur no projeto São Paulo Samba, que contava com a participação de Mestre Talismã, Ideval, Borba e vários artistas e grupos, o Show era apresentado pelo “Mestre Nicanor” e alternava-se entre as zonas Leste, Oeste, Norte e Sul de São Paulo aos domingos, e com isto o grupo ganhou uma forma mais profissional e dinâmica de se apresentar no palco, e buscava sempre inovar com alguma coisa.
Naquelas tardes ensolaradas de domingo fazíamos nosso pagode de mesa no bairro e promovíamos com nosso amigo Carlão os bailes musicados nos salões das Igrejas aqui da região, o mais legal dessas festas é que praticamente todos os moradores do nosso bairro compareciam, sem a exceção do vigário que aparecia pouco antes da missa para pedir um breque e ficava algum tempinho por ali, além das participações especiais de outros grupos da região.
Virou febre os festivais de Samba e Pagode nas casas noturnas e escolas de samba, chegamos a conquistar um na zona leste no “Podium” com a musica “chover de novo”, Moisés da Rocha o apresentador do programa O samba pede passagem estava entre os jurados, foi emocionante ver na plateia todos nossos amigos na torcida com faixas camisetas e bonés estampados pelos amigos do silk lá da galeria 24 de Maio, todos dando a maior força imaginável.
Virou febre os festivais de Samba e Pagode nas casas noturnas e escolas de samba, chegamos a conquistar um na zona leste no “Podium” com a musica “chover de novo”, Moisés da Rocha o apresentador do programa O samba pede passagem estava entre os jurados, foi emocionante ver na plateia todos nossos amigos na torcida com faixas camisetas e bonés estampados pelos amigos do silk lá da galeria 24 de Maio, todos dando a maior força imaginável.
"Capa da Bolacha" |
Uma curiosidade muito legal é que fomos nós os
músicos de estúdio da faixa e passamos de prima, sem erros durante a gravação, já que era comum os produtores arregimentar músicos especialistas por questão de qualidade e de custos também.
O pagode atingiu a mídia com força total e com isso uma turma de músicos e produtores da pesada começaram a tomar gosto pelo gênero, e muita gente passou a ganhar rios de dinheiro da noite pro dia, infelizmente era preciso pagar o famoso jabá para tocar no rádio e era muito comum a gente comprar fitas de fichas de orelhão e ficar ligando pedindo para tocar a nossa musica.
O pagode atingiu a mídia com força total e com isso uma turma de músicos e produtores da pesada começaram a tomar gosto pelo gênero, e muita gente passou a ganhar rios de dinheiro da noite pro dia, infelizmente era preciso pagar o famoso jabá para tocar no rádio e era muito comum a gente comprar fitas de fichas de orelhão e ficar ligando pedindo para tocar a nossa musica.
Com todo esse clima atual de Copa do Mundo aqui no Brasil recordei-me que durante a Copa do Mundo de 1994 estávamos em uma viagem no litoral tocando em um clube, e assistimos juntos a vitória da Seleção sobre a Itália, quem não se lembra do pênalti do Roberto Baggio?. Lá no clube uma senhora entrou no camarim e perguntou quanto o grupo queria para não subir mais no palco alegando não conhecer as musicas do nosso repertório, prontamente mudamos a cara de grupo de pagode para grupo regional, tocando choro e marchinhas de carnaval, o que veio a agradar muito o gosto da senhora na plateia.
Tivemos ainda a honra de participarmos do comercial publicitário para a
cervejaria Brahma veiculado junto com o nosso ainda capitão Dunga, com direito a muito churrasco
gaúcho e cerveja a vontade, diga-se de passagem apreciávamos bem esse tipo de coisa.
Não
tivemos padrinho, empresário ou líder e a cada dia ficava mais difícil
lutar contra a concorrência de tantos grupos apadrinhados, e logo
estaríamos abrindo show de grupos que deram canja nos clubes
noturnos que tocávamos, o samba mais uma vez estava em fase
transitória, a batucada pesada estava dando lugar para a bateria o
contra baixo roubou a cena do violão e o cavaco não fazia mais
introdução e sim o teclado, era desgastante dava pra sentir
na pele da rapaziada mais velha do grupo a tristeza mesmo atrás do
eterno sorriso alegre para a plateia que nos prestigiava.
A base
do grupo foi se desfazendo e no fim cada um resolveu seguir sua
estrada, contudo o mais importante foi de alguma forma ter
colaborado um pouquinho com a nossa cultura, ter frequentado tantos ambientes alegres, ter feitos tantos amigos, essa é a "nossa Raiz do Samba".
João, Miguelli, Luis, Cleber, Zé Luis e Alipio (Improviso em 2009) |
Pratas da casa:
Pandeiro: Tico, Joãozinho, Ricardinho e Didu
Repique: Biulla
Tam Tam: +Luis Carlos, Alipio, Val e Luis da Timba
Rebolo: +Luis Carlos, Prego e Juá
Reco Reco: Gê, Toninho, Julio Marcos e Décio haa
Cavaquinho: Bicudo, Ricardo e Leandro
Banjo: Alex Bocão e Paulinho Pé
Percussão geral: Dininho
Violão: +Lazão, +Carlão, Belotti ,Vudu e (+Ademir (Daniel) 24/07/2013)
Contra Baixo: Luciano e Bicudo
“Hiiiiiiiiiiiiiiiiii Raiz do Samba”
Poxa poderia ripar esse vinil e colocar pro povo escutar em mp3... Procura o pessoal do Bandeira do samba no facebook eles fazem de graça isso..abraços
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